Process files during the instructional decision session of the high-profile corruption case known as Operation Marques, which involves the Portugal's former Prime Minister Jose Socrates, at the Justice Campus in Lisbon, Portugal, 9 April 2021. MARIO CRUZ/POOL/LUSA

O advogado do ex-administrador do grupo Lena Joaquim Barroca admitiu hoje que “a seu tempo” o seu cliente processe o Estado depois de não ter sido pronunciado pelos crimes que lhe eram imputados na Operação Marquês.

“O problema é que o Ministério Público (MP) divagou, na acusação deduziu suposições, divagou, divagou… criou ilusões e agora, quais foram as consequências? O senhor Joaquim Barroca arrasado pessoalmente, civicamente, profissionalmente. As sociedades do grupo Lena arruinadas. A seu tempo tal questão terá que ser ponderada. Todos estes comportamentos têm que ser controlados. Do ponto de vista de rigor jurídico processual. Acho que é tempo de acabarmos com a tese de que a culpa pode morrer solteira”, disse o advogado Castanheira Neves.

Segundo o advogado tal deverá acontecer depois de conhecido o resultado do recurso que o MP anunciou que iria apresentar no Tribunal da Relação.

”Se o MP confirmar o que anunciou, ou seja, que vai interpor recurso – como naturalmente também não esperava outra coisa – evidentemente que aguardaremos o desfecho final”, disse.

O representante legal de Joaquim Barroca falava à saída do Campus de Justiça, em Lisboa, onde esta tarde o juiz de instrução Ivo Rosa leu a decisão instrutória do processo denominado Operação Marquês, a qual apenas leva a julgamento cinco dos 28 arguidos.

Castanheira Neves defendeu que Ivo Rosa deu hoje “uma grande lição de direito processual penal” e que o Ministério Público perdeu uma oportunidade de corrigir a sua posição na fase final de instrução e não o tendo feito, “o resultado foi este”.

“Perante a acusação deduzida pelo Ministério Público – vaga, imprecisa, difusa, desconforme à factualidade, juridicamente desfasada – era previsível este desfecho. Evidentemente que a posição traduzida pelo MP na acusação podia ter sido corrigida na fase final da instrução, depois de demonstrada à saciedade durante a fase de instrução a inveracidade de diversos factos constantes da acusação”, disse o advogado.

Joaquim Barroca estava acusado de corrupção activa de titular de cargo político, corrupção activa, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada, num total de 14 crimes, não tendo sido pronunciado por nenhum deles.

Dos 189 crimes que constavam na acusação da Operação Marquês, só 17 vão a julgamento, distribuídos por cinco dos 28 arguidos, segundo a decisão instrutória da Operação Marquês, hoje conhecida.

Contudo, no final da tarde decisão instrutória o procurador Rosário Teixeira anunciou que ia apresentar recurso da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa.

Dos 28 arguidos, dos quais 19 pessoas individuais e nove empresas, o juiz de instrução criminal Ivo Rosa decidiu mandar para julgamento o ex-primeiro ministro José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando vara, o banqueiro Ricardo Salgado, todos por crimes económicos e financeiros.

O ex-motorista de Sócrates João Perna ficou pronunciado por detenção de arma proibida.

O juiz determinou ainda que Sócrates e Carlos Santos Silva sejam julgados em conjunto por um tribunal colectivo e que Salgado e Armando Vara sejam julgados em processos autónomos.

João Perna será julgado por um juiz singular.

IMA/JYGO (CC/FC) // ZO

Publicidade
Falhas, erros, imprecisões, sugestões?
Por favor fale connosco via email para geral@lux24.lu.
Siga o LUX24 nas redes sociais. Use a #LUX24 nas suas publicações.
Faça download gratuito da nossa ‘app’ na Google Play ou na App Store.
Publicidade
Publicidade