Foto de arquivo de 29 de novembro de 2022 do presidente da Câmara Municipal de Espinho, Miguel Reis, que foi hoje detido pela Polícia Judiciária (PJ), no âmbito de uma investigação por diversos crimes económicos alegadamente cometidos no licenciamento de obras, 10 de janeiro de 2023. ESTELA SILVA/LUSA

O socialista Miguel Reis, detido na terça-feira no âmbito da Operação Vórtex devido a acusações de corrupção envolvendo interesses imobiliários, renunciou hoje ao seu mandato como presidente da Câmara Municipal de Espinho, revelou o próprio em comunicado pessoal.

Arquitecto, professor e investigador, esse autarca do distrito de Aveiro foi eleito para o cargo nas autárquicas de 2021, então com 40,23% dos votos, e renuncia agora também às funções de presidente da comissão política do PS de Espinho, para o qual foi reeleito em outubro de 2022.

Em nota enviada à Lusa, Miguel Reis declara: “Na sequência das diligências efetuadas no âmbito da Operação Vórtex, tomei, de livre e espontânea vontade, a decisão de renunciar, com efeitos imediatos, ao mandato para o qual fui eleito na Câmara Municipal de Espinho e, consequentemente, nas instituições onde, por inerência de funções, representava a autarquia. Uma renúncia que se estende às funções que exercia nos diferentes níveis de organização do Partido Socialista”.

O assim ex-presidente da câmara diz que toma a decisão “de consciência absolutamente tranquila” e acrescenta: “Reitero, de forma inequívoca, a minha inocência perante as acusações que me são imputadas e repudiando, de forma veemente, as informações e acusações falsas e sem a mínima correspondência com a realidade que foram sendo avançadas nos últimos dias, com particular repulsa pela manchete que hoje mesmo foi publicada por um órgão de comunicação social”.

 Miguel Reis espera assim “resguardar” a sua família “dos efeitos nocivos da exposição mediática” associada ao caso, focar-se na sua “plena defesa” e também “salvaguardar o normal funcionamento da instituição ‘Câmara Municipal de Espinho’”.

 Ainda detido nas instalações da Polícia Judiciária do Porto quando remeteu o comunicado à Lusa, o arquiteto acrescenta: “Sempre encarei o exercício de funções autárquicas e a participação na vida política como um ato desinteressado de cidadania ativa. Aliás, repetidamente defendi não ‘ser’ presidente de câmara e apenas ‘estar’ como presidente de câmara, encarando esta função com espírito de missão e como um mero lugar de passagem”.

 É aludindo a esse “sentido de desapego e independência” que Miguel Reis quer agora preservar os interesses de Espinho, recordando: “Sempre mantive uma voz ativa em defesa de Espinho e dos espinhenses, alertando, antes e depois de exercer funções autárquicas e em diferentes momentos e fóruns, para alguns dos factos e práticas que agora constituem a base e a essência desta investigação – e que não incidem em atos praticados por mim ou durante a vigência do meu mandato”.

 Fonte oficial da Câmara de Espinho diz que será agora iniciado o processo de sucessão, que deverá confiar a liderança da autarquia a Álvaro Monteiro, actual vice-presidente da mesma e antigo presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Gaia e Espinho.

AYC // LIL

Publicidade
Falhas, erros, imprecisões, sugestões?
Por favor fale connosco via email para geral@lux24.lu.
Siga o LUX24 nas redes sociais. Use a #LUX24 nas suas publicações.
Faça download gratuito da nossa ‘app’ na Google Play ou na App Store.
Publicidade
Publicidade