O presidente do PSD, Rui Rio, discursa durante um encontro com as técnicas da Santa Casa da Misericórdia dos Arcos de Valdevez, para se inteirar do trabalho realizado pela instituição na prevenção e combate ao Covid-19 e quais os cuidados adotados para garantir a segurança dos utentes, colaboradores e familiares, Arcos de Valdevez, 24 de agosto de 2020. ARMÉNIO BELO/LUSA
O presidente do PSD, Rui Rio – FOTO: ARMÉNIO BELO / LUSA

O presidente do PSD lamentou hoje que, por causa da Festa do Avante, Portugal seja, no estrangeiro, um “exemplo negativo” no combate à pandemia, considerando um erro grave a sua realização a dias da entrada em situação de contingência.

“Temos o país a duas velocidades. Temos uma velocidade normal para tudo aquilo que é normal no país e uma velocidade especial para a questão da Festa do Avante. Portugal já foi exemplo no estrangeiro na luta contra a pandemia, exemplo positivo. Infelizmente, agora esta questão da Festa do Avante até já é exemplo negativo no estrangeiro”, assinalou.

O líder do PSD referia-se ao artigo publicado no jornal norte-americano The New York Times que descreve a lotação permitida para a Festa do Avante como “invulgarmente alta” para um evento na Europa nesta altura.

Rui Rio, que falava à margem de uma visita ao Centro Hospitalar de São João, no Porto, considerou que se a situação já era má, com o exemplo que está a ser dado, é “ainda pior”, esperando, contudo, que confiança que os outros países depositam em Portugal pela forma como tem gerido a pandemia não seja afectada.

Para o presidente do PSD, a autorização para a realização da Festa do Avante representa “uma cedência especial ao PCP”, na medida em que “não se justifica, não tem racionalidade”.

“Mais nenhum partido faz isto, suspenderam todos estas aberturas, e repare nós suspendemos a abertura (rentrée política do PSD) e não é nenhum festival, é mesmo uma espécie de comício político. Aqui, é uma festa, bem organizada, diga-se de passagem, e que tem mérito. Acho que o PCP tem mérito em fazer a Festa do Avante, mas não em 2020. Em 2020 não faz sentido”, insistiu.

Para o social-democrata, ainda que com falhas, o Governo deveria ter sido coerente “do princípio a fim”.

Neste caso, salientou, “já não é uma falha, é um erro realmente grave” permitir um evento com mais de 16 mil pessoas, “quando é isso que nós temos de evitar”, a dias da entrada do estado de contingência.

Para Rio, nesta matéria falha em primeiro lugar o PCP “porque insiste em fazer aquilo que não devia fazer” e falha, em segundo lugar, o Governo que o permite.

“Se [as linhas de contágio] vierem a ser identificadas, naturalmente, aí, é ao contrário, em primeiro lugar [a responsabilidade] é do Governo e do Partido Comunista em segundo”, defendeu.

O líder dos sociais-democratas admitiu ainda que é lícito pensar que a autorização para a realização da Festa do Avante é uma forma de o Governo “cair nas boas graças” do PCP numa altura em que estão em curso negociações no âmbito do Orçamento de Estado de 2021.

“A certeza nunca teremos, mas é lícito pensar que possa ser essa a razão, ou uma das razões”, rematou.

A 44.ª edição da Festa do “Avante!”, que se realiza entre 04 e 06 de setembro, só vai ter lugares sentados nos diversos espectáculos, incluindo no maior e principal palco denominado 25 de Abril, segundo o Plano de Contingência hoje divulgado pelo PCP.

A organização da Festa do Avante! “tem a responsabilidade” de aplicar várias medidas para reduzir o risco de infecção e para a saúde pública por propagação da doença covid-19 durante o evento, afirma o parecer da DGS.

No seu parecer técnico sobre a realização da Festa do Avante! deste ano, a DGS refere que a tipologia do evento “acarreta diferentes riscos” e a organização “tem a responsabilidade de aplicar medidas de redução de risco e de cumprir, promover e garantir o cumprimento da legislação vigente aplicável, bem como das normas, orientações e recomendações da DGS, durante todo o período de duração do evento, atendendo ao risco existente de infeção por Sars-Cov-2 e ao risco para a saúde pública por propagação da doença covid-19”.

Em Portugal, morreram 1.822 pessoas das 58.012 confirmadas como infectadas por covid-19, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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