

Olá, Lux Português! Escrevo esta croniqueta a uma segunda-feira, 15 de Outubro.
É um dia triste, não só porque está feio, chuvoso e já muito outonal, mas porque faz hoje um ano que grande parte da região centro de Portugal foi consumida por chamas criminosas, que ceifaram tantas vidas e destroçaram muitas outras, e apenas a escassos quatro meses de outros pavorosos incêndios, que roubaram também outras vidas, desprevenidas e desprotegidas perante a catástrofe que lhes entrou porta adentro.
Para o ano teremos outro aniversário triste a pesar nas nossas memórias: a passagem terrífica da tempestade Leslie na noite do passado sábado pela zona centro e parte do nordeste transmontano, com particular incidência na minha cidade, a Figueira da Foz.
O Leslie entrou exactamente por aqui e deixou um rasto de destruição inimaginável, apesar de ter durado, felizmente, “apenas “ 15 minutos na sua maior força.
Mas foram minutos que pareceram horas pelo pavor que infundiram em toda a população. As imagens do caos correm o Mundo, agora acrescidas pelas de Espanha e especialmente França, onde a tempestade “agiu” com violência mortífera.
Estas imagens têm forçosamente de nos chamar, mais uma vez, a atenção.
Quando garota, as pessoas mais velhas da família falavam do “ciclone”, ainda sentindo o pavor vivido nesse dia já longínquo de 15 de Fevereiro de 1941.
Esta tragédia imensa cobriu o triste país que éramos de ainda maior tristeza: pobreza agravada pela perda de habitações e pobres bens, e luto, grande luto, porque muitas vidas foram varridas nesse dia fatídico.
Os jornais da época relatavam a catástrofe, dizendo também que já não havia registos de fenómeno tão grave desde “há mais de cem anos”.
De 41 para cá passaram setenta e sete anos, um terço desse tempo! E assusta pensar o que sabemos por certo: que estas intempéries nos visitarão cada vez mais amiúde!
E porquê? Porque a ganância e o lucro rápido e fácil cegam uma “meia dúzia” que arrastam nas suas más decisões todos os outros independentemente das suas atitudes mais ou menos conscientes em relação à defesa do ambiente e da Natureza. Está farta, cansada, mal tratada e abusada, reage. E cada vez mais agressivamente o fará.
Que bom se estivéssemos errados nesta suposição! Fiquem bem. Um abraço fraterno.
*Silvina Queiroz, professora, escreve semanalmente às quartas no LUX24.
Por favor fale connosco via email para geral@lux24.lu.
