
A Constituição da República Portuguesa consagra, no seu artigo 11º, os símbolos da nossa República. No nº 2 do citado artigo para além da bandeira verde-rubra refere-se o chamado Hino Nacional, A Portuguesa, tema de todos sobejamente conhecido. (Bem, não será exactamente assim.)
O tema, composto em 1890, com música de Alfredo Keil e letra de Henrique Lopes de Mendonça, surgiu como reacção, agastada, ao Ultimato Inglês. Governava em “Terras de Sua Majestade” a Rainha Vitória, uma das monarcas de mais longo reinado.
O nosso País, profundamente imbuído de espírito colonialista e tendo como sua “pertença” Angola e Moçambique, baseando-se num tal Mapa Cor de Rosa, pretendia atribuir a Portugal os territórios entre aquelas duas (ex-)possessões africanas.
Os ingleses não acharam graça nenhuma à façanha e, apesar da antiquíssima aliança com Portugal, mandaram esta “às urtigas” e vão de proclamar um Ultimato, o Ultimato Inglês.
O que era? Algo muito claro e linear: ou Portugal abandonava as suas pretensões expansionistas na zona ou entraríamos em guerra! Amochámos como frequente e desgraçadamente nos “cabe”.
Essa submissão irritou soberanamente os republicanos, que já erguiam as suas vontades contra a monarquia. Tanto que em 1891 há uma tentativa, falhada, de instauração de um novo regime político, a República, e o tema de Keil e Mendonça é decretado novo Hino da Nação Portuguesa.
Sobre ele as opiniões dividem-se um pouco. Enquanto alguns sustentam que, na sua primeira versão, em vez de “canhões” figuraria “bretões” (ingleses), parece não haver provas concludentes a este respeito.
E há os que afirmam que o Hino foi sempre como o conhecemos, hino oficial do País a partir de 19 de Julho de 1911, desta vez a sério (de jure). (Já havia sido consagrado em 5 de Outubro do ano transacto (de facto).
Do que não resta dúvida é que o tema era bem mais longo, mais duas estrofes que não conhecemos mas facilmente à nossa disposição “à distância de um clique”.
Em tempos que só reclamam a Paz, em tantas partes do globo, confunde um pouco o cariz guerreiro de A Portuguesa.
“Contra os canhões, marchar, marchar”, não me apraz muito ouvir e menos cantar. Mas… A História é a História! A ver vamos.
Bravo, lusos.
Um abraço amigo.
SQ
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