

Boas festas. Parece uma “fórmula feita”, muitas vezes sem qualquer emoção associada, mas acreditem que não é o caso.
Desejo de todo o coração que possam viver estes dias em clima de grande paz e fraternidade e, ao mesmo tempo, gozando de óptima saúde pois este é o bem mais precioso que possuímos.
Mais uma “fórmula feita”, mas também desta vez correspondendo ao genuíno voto que formulo para todos, os que aí ficaram por força das obrigações e circunstâncias de vida e para aqueles que, certamente em espírito de grande júbilo, conseguiram um tempinho para virem até a este cantinho nosso, o pequeno e singular país a que pertencemos.
Este texto acontece “no meio” dos dias mais emblemáticos da quadra – o Natal e o 1 de Janeiro. Tendo-vos desejado um excelente Natal, aproveito para alargar esses votos ao ano que se avizinha, correndo. Que ele seja um marco feliz nas vossas vidas e traga consigo a realização dos sonhos mais acarinhados, conhecidos ou ainda muito secretos.
Nesta época fico, por norma, algo acabrunhada, frequentemente triste mesmo. E tomada de uma nostalgia nada “saudável”. E não porque não goste da ocasião, muito pelo contrário, mas porque não consigo (nem quero) abstrair-me de tantos episódios e momentos devastadores nas vidas de pessoas, ao nosso lado e bem longe, gentes a que não é possível, por razões várias, o ambiente festivo que deveria ser sinal indelével da época, a ninguém deixando de fora.
As tragédias têm-se sucedido e, uma vez mais, me ensombra a alma a lembrança dos que perderam os seus entes queridos, em desastres naturais, como o recente maremoto na Indonésia, pela lei da vida que permite à humanidade vidas mais longas, mas … igualmente efémeras, por doenças que obstinadamente continuam “ganhando” à Ciência em tantos campos.
Presto sentida homenagem, a Catalina Pestana, essa mulher abnegada e de valores inabaláveis que sempre se colocou do lado dos mais indefesos e fragilizados, no caso jovens e crianças da Casa Pia. Sem medos nem tibiezas, denunciou os horrores a que muitos estavam sendo sujeitos, às mãos de abjectos seres que não quero mais classificar de tão enojada e furiosa que fico!
No funeral de Catalina o Governo do País não se fez representar, facto profundamente lamentável e ao qual não quero atribuir outro significado se não o de tremenda falta de senso comum e sensibilidade!
Pedro Namora, antigo casapiano, hoje um conceituado advogado, proferiu estas palavras: “Sinto uma tristeza profunda, porque, de alguma forma, é a minha mãe que vai a enterrar. Minha e de centenas de casapianos que ela soube proteger … sofrendo perseguições e ameaças …! Catalina está agora em paz, mas outras “catalinas” terão sempre de se levantar para garantir que a segurança e a felicidade não sejam apenas pertença de alguns meninos e meninas, mas igualmente daqueles a quem frequentemente chamamos de “filhos de um deus menor”!
Que o Ano próximo vos abrace amorosamente e aconchegue, trazendo dias de luz e tranquilidade, mesmo que as “tempestades” pareçam impiedosas e muitas “nuvens” ameacem “tempos maus”.
Feliz Ano Novo.
Um abraço esperançoso.
*Silvina Queiroz, professora, escreve às quartas no LUX24.
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