
Psicologicamente falando, o temperamento diz respeito aos aspetos da personalidade de uma pessoa que são globalmente caracterizados como tendo uma base biológica e inata, logo, não advém da aprendizagem, e que determinam as suas respostas afetivas, atencionais e motoras em situações variadas.
Tendo em linha de conta que o termo temperamento, do latim temperamentus, significa “misturas” (Buss & Plomin, 1984), vamos socorrer-nos da psicologia pré-moderna na qual se desenvolveram estudos através de pensadores como Kant ou Pavlov.
Do ponto de vista histórico, no século II, Galeno descreveu quatro temperamentos (e.g., melancólico, fleumático, sanguíneo e colérico, com base nos quatro humores ou fluidos corporais. Mais tarde, Heymans (1905) distinguiu três dimensões do temperamento: Emocionalidade (relacionada com a sensibilidade ou excitação das emoções); Atividade (relacionada com o comportamento); e Funcionamento primário e secundário (relacionado ao aspeto temporal do comportamento e do processo psicológico).
Décadas depois, um psiquiatra alemão (Kretschmer, 1990) desenvolveu uma teoria de temperamento, na qual ficou bastante popularizada na Europa, onde distingue três tipos temperamentais:
- Esquizotímico (caracterizado por pessoas reservadas, apresentando emoções que alternam da irritabilidade à indiferença, inflexíveis nos hábitos e atitudes e com dificuldades de adaptação);
- Ciclotímico (caracterizado por pessoas com emoções que variavam da alegria à tristeza, facilidade de estabelecer contacto com o ambiente e realistas nas suas visões);
- Isotímico (caracterizado por sujeitos atléticos, tranquilos, com pouca sensibilidade e com dificuldade de adaptação ao seu ambiente).
Agora que já falamos um pouco sobre o seu enquadramento teórico, é importante salientar que a disposição temperamental se refere a um padrão diferenciado de sentimentos e de comportamentos com origem biológica e que surgem cedo no desenvolvimento da criança (Lima, 2019).
A título de informação, os traços temperamentais das crianças pré-escolares demonstram prever as suas personalidades a posteriori, contudo, também há evidência de mudança na infância e adolescência.
Concomitantemente, é importante reforçar a ideia de que o temperamento não é um “destino”. Os fatores ambientais são ao longo dos primeiros anos de vida importantes principalmente pelos estilos parentais e educacionais.
Assim, as estratégias de intervenção e prevenção têm-se revelado úteis e eficazes no alívio de alguns traços temperamentais que condicionam negativamente a vida das pessoas.
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