O psicólogo Miguel Silva no LUX24.

Desde a década de 1980, quando os primeiros telemóveis foram lançados para o público nos Estados Unidos, a relação das pessoas com os equipamentos foi se alterando à medida que a tecnologia evoluiu. Inicialmente, o seu uso restringia-se para fazer e receber chamadas de voz.

Na década de 1990, surgiram as mensagens de texto, a calculadora, o calendário, entre outras funções. Mais tarde, nos anos 2000, surgiram os smartphones, que permitiram a possibilidade de conectividade à internet como conhecíamos apenas nos computadores fixos (e.g., computador de mesa).

De acordo com Góes (2020), os telemóveis inteligentes proporcionam muitas gratificações imediatas, como por exemplo a facilidade das pessoas se conectarem com amigos, familiares e colegas, bem como jogar, ouvir música e ler notícias. Paralelamente, os smartphones propiciam estratégias de enfrentamento de situações e sentimentos desconfortáveis e manutenção da identidade social (e.g., algumas pessoas ficam dependentes de tal forma ao telemóvel que experienciam ansiedade quando não o possuem).

Os pontos positivos do uso do telemóvel são muitos nos últimos anos, contudo, os riscos do uso excessivo têm preocupado a comunidade científica com os potenciais efeitos negativos na saúde mental e física e na qualidade das relações sociais.

A título de exemplo, destaco os seguintes efeitos: tem sido observado uma diminuição no desempenho das atividades diárias, devido a frequentes interrupções para verificar alguma notificação; o comprometimento na qualidade e quantidade de sono; assim como a diminuição do tempo de lazer e a prática desportiva.

Evidências científicas indicam que o uso abusivo de telemóveis pode resultar da psicopatologia e constitui uma estratégia débil para lidar com emoções diversas (e.g., uma pessoa com uma perturbação/doença utiliza o telemóvel como estratégia para enfrentar as suas emoções).

Eis algumas dicas de uso saudável do smartphone:

  1. Controlar o uso do telemóvel não é tarefa fácil, por isso, lembre-se de que o seu objetivo é diminuir o uso para níveis mais saudáveis e não deixar de usá-lo;
  2. Desligue as notificações sonoras;
  3. Defina metas de uso durante os dias (por exemplo, não usar durante as refeições e quando está a socializar com a família ou amigos);
  4. Quando for dormir, não leve o seu telemóvel para a cama. Aproveite para ler um livro (em formato papel e não em e-book);
  5. Quando possível, desligue o telemóvel e deixe-o noutro sítio para carregar.
  6. Reflita sobre qual o tempo de uso deverá o seu telemóvel ocupar em sua vida. Seja sincero na resposta;
  7. Para você entender as razões e os momentos mais problemáticos do seu uso, faça um registo de quando e o quanto usa o telemóvel em momentos desnecessários, portanto, não relacionados a trabalho/estudo;
  8. Tendo em conta que o telemóvel costuma estar quase sempre do seu lado, fica mais difícil resistir. Por isso, procure apoio dos seus familiares, amigos ou mesmo de um psicólogo.

Para terminar, a dependência de telemóvel não ocorre da noite para o dia, mas sim através de um processo ao longo do tempo. Normalmente tem início com o uso “saudável” e pode se desenvolver até ao momento em que a pessoa não tem mais controlo do seu comportamento.

Assim, nesse processo há uma distinção entre o gostar e o querer e o precisar do telemóvel. E já sabe: Um psicólogo pode ajudar!

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