
A empresária angolana Isabel dos Santos, a principal visada nos esquemas financeiros revelados no “Luanda Leaks”, afirmou que a investigação é baseada em “documentos e informações falsas”, num “ataque político” coordenado com o Governo angolano.
“As notícias do ICIJ [Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação] baseiam-se em muitos documentos falsos e falsa informação, é um ataque político coordenado em coordenação com o ‘Governo Angolano’ (sic). 715 mil documentos lidos? Quem acredita nisso?”, reagiu a empresária, em inglês, através da sua conta do Twitter, acrescentando “#icij #mentiras”.
A filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos ataca também os media portugueses SIC e o Expresso, que integram o consórcio de jornalistas que revelou hoje mais de 715 mil ficheiros que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo.
Na conta do Twitter, onde escreveu 10 ‘tweets’ na última hora, afirma que a sua “fortuna” nasceu com o seu “caráter, inteligência, educação, capacidade de trabalho e perseverança” e acusa a SIC e o Expresso de “racismo” e “preconceito”, “fazendo recordar a era das ‘colónias’ em que nenhum africano pode valer o mesmo que um ‘europeu’”.
O Governo de Angola, Ministro das Finanças contratou a mim e a empresa Wise com pleno conhecimento de factos para trabalhar na Reestruturação da Sonangol. Este facto é público. Como pode agora a PGR negar ? E a SIC- Expresso mentir?
— Isabel Dos Santos (@isabelaangola) January 19, 2020
Ana Gomes admite que o investimento na Effacec, feito por isabel dos santos foi finaciamento dos bancos comerciais portugueses , e não foi erário público angolano. Obrigada Ana Gomes por esclarecer e finalmente admitires a verdade.
— Isabel Dos Santos (@isabelaangola) January 19, 2020
“Os ‘leaks’ são autênticos? Quem sabe? Ninguém… estranho mesmo é ver a PGR [Procuradoria-Geral da República] de Angola a dar entrevistas à SIC-Expresso. Procurador Geral de Angola a Angola a dar entrevistas… a canais portugueses!”, escreveu a empresária, numa dessas mensagens.
Isabel dos Santos comentou ainda: “Consórcio ICIJ recebeu fuga de informação das ‘autoridades angolanas’??!! Interessante ver o estado angolano a fazer ‘leaks’ [fugas] jornalistas e para a SIC-Expresso e depois vir dizer que isto não é um ataque político?”.
Num outro ‘tweet’, escreve que “o povo de Portugal é amigo do povo de Angola e não podemos deixar que ‘alguns’ interesses isolados ‘agitem’ a amizade e respeito que conseguimos conquistar e construir juntos”.
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-Presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.
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