(COMBO) This combination of pictures created on October 22, 2020 shows US President Donald Trump and Democratic Presidential candidate and former US Vice President Joe Biden during the second and final presidential debate at Belmont University in Nashville, Tennessee, on October 22, 2020. (Photo by Brendan Smialowski and JIM WATSON / AFP)
O candidato presidencial democrata, Joe Biden, avisou que os Estados Unidos vão entrar num “inverno escuro” por causa da pandemia de covid-19, durante o último debate com o Presidente, Donald Trump.
“Estamos prestes a entrar num inverno escuro e ele não tem um plano claro”, disse o democrata, no debate que decorreu esta madrugada em Nashville, Tennessee.
“Não há perspectiva de que uma vacina estará disponível para a maioria do povo americano antes de meados do próximo ano”, afirmou.
A covid-19 foi o primeiro tema da noite moderada pela jornalista da NBC News Kristen Welker, que Donald Trump tinha chamado de “democrata radical de esquerda” antes do debate.
“Duzentos e vinte mil americanos mortos”, afirmou Biden. “Qualquer pessoa que é responsável por tantas mortes não deve continuar a ser Presidente”, disse, referindo que o país está a lidar com 70 mil doentes por dia.
O Presidente, que foi hospitalizado no início de outubro por covid-19, defendeu a resposta da administração e enquadrou a crise como “uma pandemia mundial”, apontando que a Europa está com um grande aumento de casos de infeção.
“Estamos a lutar em força”, disse Donald Trump. “Temos uma vacina a chegar, está pronta e será anunciada dentro de semanas”, afirmou. Questionado pela moderadora, o Presidente escusou-se a dar pormenores sobre qual o laboratório que produzirá essa vacina, nem a garantir que será mesmo lançada em breve.
O que o Presidente assegurou é que a pandemia “está a ir-se embora”, algo que Joe Biden criticou, apontando que Trump “ainda não tem um plano compreensivo” e que a sua previsão para a vacina não é suportada pelas indicações dos cientistas.
“Aprender a viver com isto? Por favor. As pessoas estão a aprender a morrer com isto”, disse Joe Biden, atacando o Presidente pelo que considerou ser a falta de ação e a ausência de medidas que permitam às empresas e escolas “reabrirem em segurança”.
NASHVILLE, TENNESSEE – OCTOBER 22: Democratic presidential candidate former Vice President Joe Biden answers a question as President Donald Trump listens during the second and final presidential debate at Belmont University on October 22, 2020 in Nashville, Tennessee. This is the last debate between the two candidates before the election on November 3. Morry Gash-Pool/Getty Images/AFP
Donald Trump, por seu lado, apontou que Joe Biden foi responsável pela resposta dos Estados Unidos à pandemia de H1N1 em 2009 e esta foi “um desastre total”, que não originou grande mortalidade porque a doença era “menos letal”.
“Não nos podemos fechar na cave”, disse Trump, indicando que se Joe Biden for eleito vai “encerrar” o país todo. “A cura não pode ser pior que o problema em si”, afirmou, dizendo que Nova Iorque é uma cidade fantasma e criticando a resposta dos estados democratas que ordenaram confinamento.
“Não tenho culpa de que isto tenha chegado cá, a culpa é da China”, afirmou o Presidente, que disse estar recuperado de covid-19 e que aprendeu “bastante” depois de ter contraído a doença.
Depois de um primeiro debate muito conflituoso a 29 de setembro, a Comissão de Debates Presidenciais modificou as regras para cortar o microfone ao oponente quando um dos candidatos respondia às questões.
Apesar de algumas trocas na contra-argumentação, o debate desta madrugada teve poucas interrupções e foi considerado pelos comentadores como mais aproximado dos debates políticos tradicionais nos Estados Unidos.
Outros temas em destaque foram a economia, tensões raciais e política internacional, com os dois candidatos a acusarem-se mutuamente de ligações inapropriadas com a China e a Rússia.
“Nunca recebi um centavo de fontes estrangeiras”, disse Joe Biden pressionado por Trump
Joe Biden defendeu as acções do filho Hunter Biden na Ucrânia e garantiu que nunca recebeu dinheiro de entidades de fora dos Estados Unidos, ao ser pressionado por Donald Trump no último debate presidencial.
“Nunca recebi um centavo de fontes estrangeiras em qualquer altura da minha vida”, afirmou o candidato democrata, em resposta ao Presidente, Donald Trump, sobre alegações que foram noticiadas recentemente.
“Se estas coisas são verdade sobre a Rússia, Ucrânia, China e outros países, então ele é um político corrupto”, acusou Donald Trump. O Presidente referia-se às alegações de que o ex-vice Presidente dos Estados Unidos ganhou dinheiro de forma ilícita num esquema com o seu filho Hunter Biden.
“Creio que você tem de esclarecer isto ao povo americano”, insistiu Donald Trump, que também acusou Joe Biden de ter recebido 3,5 milhões de dólares (2,97 milhões de euros) da Rússia e referiu o cargo de Hunter Biden na Burisma, uma empresa de energia ucraniana, com possíveis conflitos de interesse.
Joe Biden respondeu que “nada foi antiético” na conduta do filho e lembrou que todas as pessoas que testemunharam perante o Congresso no processo de destituição de Donald Trump disseram que o vice-Presidente fez o seu trabalho em relação à Ucrânia.
US President Donald Trump (L), Democratic Presidential candidate former US Vice President Joe Biden and moderator, NBC News anchor, Kristen Welker (C) participate in the final presidential debate at Belmont University in Nashville, Tennessee, on October 22, 2020. (Photo by Chip Somodevilla / POOL / AFP)
Disse também que 54 agentes dos serviços de informação norte-americana assinaram uma declaração sobre a origem das alegações do esquema ilícito com Hunter Biden, que terá sido uma iniciativa de desinformação russa através do advogado de Trump, Rudy Giuliani.
“Agora o portátil [de Hunter] também é a Rússia?”, questionou Trump. “Lá vamos nós outra vez com o embuste da Rússia”, acrescentou.
Biden contra-atacou dizendo que “a pessoa que se meteu em problemas na Ucrânia foi ele”, apontando para Trump. “O meu filho não fez dinheiro com a China. Ele é que fez”, continuou.
O candidato apontou para o facto de ter sido noticiado que Trump manteve uma “conta secreta” na China.
Questionado pela moderadora Kristen Welker, Trump justificou a conta bancária com o seu histórico de homem de negócios e voltou a apontar baterias à família Biden, caracterizando-a como “um aspirador” que “limpa dinheiro” em todos os sítios por onde passa.
“Há um motivo pelo qual ele está a falar destes disparates”, respondeu Biden. “Ele não quer falar da substância dos assuntos. Isto não é sobre a família dele ou da minha, é sobre a vossa, e a vossa família está a sofrer”, afirmou o candidato, dirigindo-se aos eleitores.
Este foi o segundo e último debate entre os candidatos, desta vez moderado pela jornalista da NBC News Kristen Welker. Segundo uma sondagem pós-debate da CNN, Joe Biden foi considerado vencedor pela maioria dos espetadores inquiridos, 53%, contra 39% que consideraram que Trump esteve melhor.
Depois de um primeiro embate muito conflituoso a 29 de setembro, a Comissão de Debates Presidenciais modificou as regras para cortar o microfone ao adversário quando um dos candidatos respondia às questões.
Apesar de algumas trocas na contra-argumentação, o debate desta madrugada teve poucas interrupções e foi considerado pelos comentadores como mais aproximado dos debates políticos tradicionais nos Estados Unidos.
Crianças separadas dos pais na fronteira estão a ser “bem tratadas”, disse Trump
As crianças que foram separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos e que ainda não conseguiram a reunificação estão a ser “bem tratadas”, disse o Presidente, Donald Trump, no último debate com Joe Biden.
Um processo legal da União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla inglesa) indicou na quarta-feira que ainda há 545 crianças sozinhas porque as autoridades não conseguem localizar os pais, dos quais foram separadas à força quando pediram asilo nos Estados Unidos.
“Elas estão a ser tão bem tratadas”, afirmou o Presidente e recandidato pelo Partido Republicano. “Estão em instalações limpas”, disse, acusando o adversário e Barack Obama de terem construído as ‘gaiolas’ onde as milhares de crianças foram colocadas durante a política de “tolerância zero” na fronteira com o México, que a administração Trump suspendeu devido à controvérsia gerada.
Num debate ordeiro e sem insultos, a discussão sobre o que aconteceu às famílias separadas gerou o momento em que Joe Biden falou de forma mais veemente.
“Não foram coiotes que as trouxeram, foram os pais. Foram separadas dos pais e isto tornou-nos objeto de chacota e viola todas as noções do que somos enquanto nação”, criticou Joe Biden.
“Os filhos foram arrancados dos braços dos pais e separados e agora não conseguem encontrar mais de 500”, disse o democrata. “Essas crianças estão sozinhas sem terem para onde ir. É criminoso”, acrescentou.
A picture shows typical Catalan ceramic figurines called “caganers” (poopies) depicting US President Donald Trump and US Democratic presidential candidate and former US vice president Joe Biden in Barcelona on October 22, 2022. – Statuettes of well-known people defecating are a strong Christmas tradition in Catalonia, dating back to the 18th century as Catalans hide “caganers” in Christmas Nativity scenes and invite friends to find them. (Photo by LLUIS GENE / AFP)
No tópico da imigração, a moderadora questionou Biden pelo histórico da administração Obama, na qual foi vice-Presidente durante oito anos, e o democrata admitiu falhas na forma como o anterior Governo deportou emigrantes e lidou com outros problemas do sistema de imigração.
“Cometemos um erro, demorámos muito a fazer a coisa certa”, afirmou. “Se for Presidente, nos primeiros 100 dias irei enviar ao congresso um caminho para a cidadania para as 11 milhões de pessoas indocumentadas”, prometeu, garantindo que os ‘dreamers’, jovens levados para os Estados Unidos ilegalmente em crianças, serão novamente certificados.
Outros temas em destaque foram a covid-19, a economia, tensões raciais e imigração.
Joe Biden chegou ao palco da Universidade Belmont em Nashville, Tennessee, onde decorreu o debate, com uma vantagem de cerca de 10 pontos na média das sondagens nacionais, segundo a plataforma FiveThirtyEight. O democrata tem 52,1% das intenções de voto contra 42,2% para Donald Trump. A eleição é a 03 de novembro.
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