
Há datas que o Luxemburgo não esquecerá e o 31 de agosto de 1942 é uma delas. A Greve Geral iniciada nesse dia foi um dos principais gestos de resistência não-violenta à Segunda Guerra Mundial, mas que acabou manchado pelo sangue derramado.
Foi precisamente há 79 anos que a revolta luxemburguesa se transformou num greve geral que resultaria na execução de 21 pessoas, das milhares que se insurgiram contra a ordem nazi de ingressarem no exército de Hitler.
EM WILTZ, NO NORTE DO LUXEMBURGO, A 31 DE AGOSTO DE 1942, MUITOS LUXEMBURGUESES PROTESTARAM CONTRA A ORDEM ALEMÃ QUE OBRIGAVA OS JOVENS DO PAÍS – NASCIDOS ENTRE 1920 E 1924 – A ALISTAREM-SE NO EXÉRCITO ALEMÃO.
A greve geral não foi bem aceite pelo invasor alemão e um tribunal nazi condenou à morte 21 pessoas por terem participado na greve, executando-os com um tiro.
Outras, quase 2.000 pessoas, foram ainda presas ou deportadas para os campos de concentração.
Luxemburgo e a resistência não-violenta à Segunda Guerra Mundial
O Luxemburgo foi invadido pelas tropas nazis em maio de 1940 e transformado num distrito alemão no qual a população foi declarada alemã e se viu forçada a usar o alemão como única língua autorizada.
Mas a resistência luxemburguesa ao invasor não se fez esperar. Diz a História que os luxemburgueses realizaram várias iniciativas não-violentas como o Spéngelskrich (‘guerra dos pins’) usar bottons (pins, alfinetes) com as cores do país, num claro desafio às ordens impostas por Hitler.
FARTA DA OCUPAÇÃO NAZI, A CLASSE OPERÁRIA DO GRÃO-DUCADO TRAVOU EM AGOSTO DE 1942 A BATALHA PELA PRÓPRIA LIBERDADE DIANTE DA OPRESSÃO DOS ALEMÃES.
Corajosamente, homens e mulheres da classe operária decidiram cruzar os braços em protesto diante dos invasores nazis, num movimento iniciado em 31 de agosto de 1942 e que se transformou numa das mais poderosas demonstrações de resistência não-violenta de toda a Segunda Guerra Mundial.
A greve geral de agosto/setembro de 1942 aconteceu quando Gustav Simon, que liderava a presença alemã na região, determinou que todos os homens do Luxemburgo, nascidos entre 1920 e 1924, se deveriam apresentar nas juntas militares, para alistamento compulsório às tropas da Wehrmacht.
A ordem alemã criou uma indignação geral entre a população do Grão-Ducado e rapidamente trabalhadores e trabalhadoras distribuíram, de forma clandestina, panfletos nas fábricas do país a convocar uma greve geral.
A GREVE INICIOU-SE NA MANHÃ DO DIA 31 DE AGOSTO DE 1942, EM WILTZ, E RAPIDAMENTE SE ESPALHOU PELAS PRINCIPAIS LOCALIDADES INDUSTRIAIS DO PAÍS, COMO ESCH/ALZETTE E DIFFERDANGE, GANHANDO CONTORNOS NACIONAIS.
De acordo com relatos históricos, todos os trabalhadores dos moinhos de Differdange pararam e a principal área de mineração do Luxemburgo, Esch-sur-Alzette, ficou totalmente paralisada.
A repressão nazi não se fez esperar. Pelo menos 21 pessoas foram executadas. Entre eles, Hans Adam, de origem alemã e que foi considerado traidor, sendo condenado à decapitação.
Ao todo, mais de dois mil luxemburgueses foram presos em consequência da greve e muitas famílias acabaram em campos de trabalhos forçados.
Apesar da repressão nazi, a resistência dos luxemburgueses foi heróica e milhares de luxemburgueses desertaram do exército nazi nas semanas seguintes.
A libertação do país pelos Aliados iniciou-se em setembro de 1944.
Quase 6.000 luxemburgueses morreram na Segunda Guerra Mundial, incluindo cerca de 700 judeus, deportados para campos de concentração.
SAIBA MAIS AQUI, NA CRONOLOGIA DA II GUERRA MUNDIAL, GRÃO-DUCADO DO LUXEMBURGO 1939-1945.
COMEMORAÇÕES 2021
Anualmente há várias cerimónias evocativas da efeméride pelo país. Este ano as comemorações da central sindical OGBL são assinaladas hoje em Esch/Alzette, pelas 18:00, junto ao “Monumento aos Mortos”, em frente ao Museu Nacional da Resistência.
As delegações da OGBL vão igualmente assinalar a efeméride em Wiltz (11:00) e em Schifflange (às 17:00).
As comemorações estendem-se no dia 02 de setembro na ArcelorMitall, em Differdange, pelas 09:00, e no dia 03 de setembro, na ArcelorMittal, em Esch-Belval (às 11:30).
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