

O velório do cantor Roberto Leal vai decorrer na segunda-feira, na Casa de Portugal, na região central de São Paulo, no Brasil, a partir das 07:00 (12:00 no Luxemburgo), segundo o Jornal Folha de S. Paulo.
Segundo o jornal brasileiro, o velório decorre até às 14:00 e o funeral está marcado para as 15 horas locais, no Cemitério Congonhas, na zona sul de São Paulo.
O cantor Roberto Leal, que vivia no Brasil desde criança, morreu hoje em São Paulo, aos 67 anos.
Ainda segundo o Folha de S. Paulo, que cita o empresário do cantor, Roberto Leal estava internado desde o dia 09 de setembro e teve falência múltipla de órgãos.
Casado há 45 anos com Marcia Lucia, Roberto Leal é pai de três filhos nascidos no Brasil, e tem dois netos.
Roberto Leal – nome artístico de António Joaquim Fernandes – dividiu a sua carreira entre Portugal e o Brasil, mas teve ainda passagens na política, no cinema e na televisão.
O cantor nasceu em Portugal, na aldeia transmontana Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros, de onde em 1962 emigrou aos onze anos para o Brasil, com os pais e os nove irmãos.
Em São Paulo, após trabalhar como sapateiro, vendedor de doces e feirante, iniciou seu trabalho com a música e gravou o seu primeiro disco em 1970.
Um ano depois, alcançou o seu primeiro grande êxito com “Arrebita” e teve a sua primeira experiência na televisão brasileira, vindo a repeti-la em 2011, em Portugal, ao participar no programa da RTP “O Último a Sair”.
“Arrebenta a Festa” foi o último disco editado em 2016 de uma discografia com mais de 50 discos.
Vendeu mais de 17 milhões de discos, conseguiu 30 Discos de Ouro e cinco de platina e ganhou vários prémios, entre os quais o Troféu Globo de Ouro, da TV Globo, em 1972.
Em 1979, protagoniza o filme “O Milagre – o Poder da Fé”, uma história autobiográfica sobre a sua família e o culto pela fé.
Em 2011, publicou a sua autobiografia em Portugal e no Brasil.
Roberto Leal passou também pela política. Em 2018, candidatou-se a deputado estadual em São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro.
Em Portugal, aderiu ao PSD em 1991 e deu espectáculos durante a campanha para as eleições legislativas de 1991 e participou em comícios nas de 1995.
A sua carreira foi repartida entre Portugal e o Brasil, onde residia, apresentando-se como embaixador da cultura portuguesa no Brasil.
Deu também espectáculos em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.
Desde há dois anos enfrentava um cancro e ficou com problemas de visão e cegueira no olho direito devido aos tratamentos de radioterapia.
Presidente da República recorda cantor “com amizade”
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou hoje “com amizade” o cantor português Roberto Leal, que morreu aos 67 anos, no Brasil, e sublinhou “o seu papel junto das comunidades portuguesas”.
“O Presidente da República recorda Roberto Leal com amizade, lembrando o seu papel junto das comunidades portuguesas, nomeadamente no Brasil, com ligação às suas raízes, durante várias décadas”, lê-se numa nota da Presidência da República, enviada à Lusa, em que Marcelo também expressa as suas condolências à família.
José Luís Carneiro recorda Roberto Leal como símbolo cultural entre Portugal e Brasil
“Queria dizer que se trata de uma perda profunda para a comunidade portuguesa, para a que vive no Brasil e mais especificamente em São Paulo”, disse à Lusa José Luís Carneiro, adiantando que Roberto Leal era um símbolo da simbiose entre a música tradicional e popular portuguesas e as várias manifestações culturais existentes no Brasil.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas recordou uma conversa que teve recentemente com o cantor, que lhe contou o seu percurso de vida.
Para José Luís Carneiro, a história de vida de Roberto Leal revela um homem determinado que viveu o preconceito quando chegou ao Brasil, tendo conseguido impor-se.
“Conseguiu afirmar-se pelo seu mérito e trabalho e ganhar respeito da comunidade brasileira e o respeito e admiração de muitos portugueses de diferentes gerações que estão atentos à sua criação cultural e artística”, disse.
José Luís Carneiro considera que Roberto Leal é um símbolo de uma geração de portugueses que saíram do país na década de 50 e 60, viveram muitas dificuldades e conseguiram vencer o preconceito tornando-se um exemplo em vários planos.
O secretário de Estado disse ainda ter apresentado as condolências do governo português à família do cantor, que considera ser “um símbolo para os que passaram as mesmas dificuldades e conseguiram vencer todos os obstáculos”.
PS cancela campanha eleitoral com Santos Silva no Brasil
O PS cancelou hoje as actividades de campanha para as legislativas de outubro previstas para segunda-feira, em São Paulo, Brasil, com Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros e candidato socialista ao círculo Fora da Europa.
Em comunicado, o PS justificou o cancelamento da campanha com os candidatos Santos Silva e Paulo Porto Fernandes com a morte de Roberto Leal, que vivia com a família em São Paulo, cidade para onde estava agendada a presença dos dois candidatos socialistas na segunda-feira.
Os socialistas apresentam, na nota, as “condolências à família e amigos de Roberto Leal e a toda a comunidade portuguesa no Brasil”.
Um símbolo que soube fazer a ponte entre Brasil e Portugal – Cônsul
O cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Nascimento, disse hoje à Lusa que a morte do cantor Roberto Leal entristeceu a comunidade, já que ele era um símbolo que soube fazer a ponte entre o povo brasileiro e o português.
“Fomos hoje confrontados com a notícia da morte do Roberto Leal e apesar de sabermos da doença dele foi uma surpresa. Há um sentimento enorme de carinho por ele que, ao longo da carreira, tornou-se um símbolo da comunidade e soube fazer uma boa ponte entre o povo brasileiro e o português”, disse o cônsul-geral de Portugal.
“A música dele fazia esta fusão, era um ponto de ligação, entre a cultura portuguesa e a brasileira”, acrescentou.
Manuel Magno Alves, presidente do Conselho da Comunidade Luso-brasileira do estado de São Paulo também lamentou a morte do cantor.
A comunidade portuguesa está muito consternada porque ele era um dos símbolos que tínhamos. Era uma espécie de embaixador da música portuguesa no Brasil e no mundo. Vai demorar um tempo para termos outro representante fazendo o que ele fazia”, disse.
“Recebemos com choque a notícia da sua morte e, embora soubéssemos que estava doente, nos últimos meses Leal tinha retomado a agenda de shows e acreditávamos que ele pudesse ficar connosco mais tempo”, acrescentou Magno Alves.
O presidente do conselho da Comunidade Luso-brasileira considerou também que Roberto Leal “era uma pessoa querida por todos, principalmente pela sua forma de ser e sua humildade”.
Além dos representantes do Governo e da comunidade portuguesa no Brasil, Leal também foi homenageado nas redes sociais por grupos que promovem a cultura portuguesa do Brasil.
O Grupo Folclórico da Casa de Portugal em São Paulo publicou na rede social Facebook uma nota de pesar afirmando que o cantor era “um dos maiores expoentes da música portuguesa no mundo e, quiçá, o maior no Brasil”.
“É uma grande perda, mas sem dúvida o seu legado será eterno e ouvido por diversas gerações. Tivemos a oportunidade e honra de nos apresentarmos algumas vezes ao vosso lado”, completou.
Já a Associação Portuguesa de Desportos do Brasil também divulgou uma nota dizendo que “chora a perda do autor do hino atual do Clube, e presta os sentimentos de uma nação inteira pela perda do querido Roberto Leal, imigrante português que adotou o Brasil como sua terra e a Lusa como seu time [equipa] do coração”.
“Era português de nascimento e brasileiro de alma” – governador de São Paulo
O Governador do estado brasileiro de São Paulo, João Dória, lamentou hoje a morte do cantor português Roberto Leal dizendo, considerando que vai deixar saudades porque era “português de nascimento e brasileiro de alma”.
“Roberto Leal vai deixar saudades. Era português de nascimento e brasileiro de alma. Amava as suas terras e tinha muitos admiradores em ambas. Minha solidariedade à família e amigos. Descanse em paz, Roberto [Leal]”, escreveu João Dória na rede social Twitter.
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