By Heart - Teatro Nacional D. Maria II

O Teatro Nacional D. Maria II, em digressão pela Europa desde setembro, tem conseguido “escapar” às restrições por causa da pandemia, encontrando mesmo públicos “ávidos da experiência teatral”, disse à Lusa o director artístico, Tiago Rodrigues.

A “embaixada teatral” portuguesa, formada por 18 actores, técnicos e produtores, está esta semana no Luxemburgo para apresentar os espectáculos “By Heart“, no Théâtre des Capucins, nos dias 28 e 29, e “Sopro“, no Grand Théâtre, a 29 e 30, após ter passado pelo festival do outono, em França, e pela Bélgica e Suíça.

Apesar de o aumento de infecções nas últimas semanas ter levado ao agravamento das medidas sanitárias em vários países europeus, a sorte tem acompanhado a companhia.

“Até agora temos conseguido escapar entre as gotas da chuva”, disse hoje à Lusa Tiago Rodrigues, no intervalo dos ensaios das duas peças que vão ser apresentadas no Grão-Ducado, recordando que, na Bélgica, onde o aumento de casos de covid-19 levou o executivo a decretar novo confinamento na segunda-feira, a companhia escapou por pouco.

“Em Liège, fomos a última companhia internacional que pôde apresentar-se no país, no domingo, porque na segunda-feira o teatro foi encerrado pelas autoridades”, contou Tiago Rodrigues.

Em França, próximo destino na digressão, o recolher obrigatório imposto pelo Governo obrigou igualmente “a antecipar os horários previstos para Toulouse e Paris”, contou o encenador, que acompanha diariamente a evolução da pandemia nos vários países por onde vão passar.

“Aqui no Luxemburgo prevemos conseguir apresentar todos os espectáculos, e estamos em contacto muito estreito com os teatros dos vários países, mas também com o nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros e as embaixadas, para perceber se há condições de segurança e de mobilidade para poder viajar”, referiu.

A pandemia obrigou a ligeiras adaptações, como no caso de “By Heart”, peça inspirada pela avó de Tiago Rodrigues, com dez espectadores em palco, a quem é pedido que aprendam de cor um soneto de Shakespeare.

“Temos de nos adaptar. No ‘By Heart’, as pessoas que escolhem subir ao palco – e é curioso notar que continuam a escolher subir ao palco para participar no espectáculo – têm de manter a máscara, mas nós encontrámos soluções, como ter máscaras cirúrgicas, que são mais leves, para o caso de as pessoas terem máscaras de tecido, que podem ser mais incómodas com as luzes do palco”, explicou.

As medidas de segurança não são novidade para a equipa do Teatro Nacional D. Maria II, que reabriu no final de junho, após três meses encerrado, e tem por isso “já alguns meses de experiência a trabalhar com estas limitações”.

“Em Lausanne, na Suíça, foi o primeiro espectáculo da temporada e o primeiro em que tiveram de aplicar estas regras, e nós já vínhamos de Portugal com dois meses de hábito e a poder até partilhar a nossa experiência com os nossos colegas suíços”, apontou.

Apesar da incerteza provocada pela pandemia, o encenador garante que se deparou com públicos “ávidos de continuar a viver a experiência teatral”.

“Claro que a lotação está reduzida e é mais fácil encher as salas, mas é mais difícil as pessoas mobilizarem-se para ir ao teatro, e ainda assim estamos a conseguir encher salas”, sublinhou.

No Luxemburgo, além de “Sopro” e “By Heart”, os actores do Teatro Nacional D. Maria II participaram hoje numa leitura apresentada no Grand Théâtre, criada especialmente para o Grão-Ducado pelo actor e encenador lusodescendente Fábio Godinho, uma iniciativa que pretende ser um convite à comunidade portuguesa no país.

Com o título “O que o público deve ver”, a leitura é descrita como “uma visita guiada” a Lisboa “pela mão e pela voz de autores portugueses ou que escreveram em português”, como Antonio Tabucchi, Fernando Pessoa, Almeida Garrett ou o próprio Tiago Rodrigues.

A leitura, que representa “uma primeira colaboração entre os dois teatros”, a convite do director dos Teatros do Luxemburgo, Tom Leick-Burns, é “em português, sem legendas, para um público que tem necessariamente de entender a língua”, explicou Tiago Rodrigues.

“É a primeira vez que isto acontece na história do Grand Théâtre, o que é escancarar as portas deste teatro à comunidade portuguesa do Luxemburgo”, acrescentou.

Em troca, “By Heart” vai ser apresentado em francês, uma língua que Tiago Rodrigues aprendeu “para poder trabalhar” quando, aos 21 anos, o convidaram para fazer um espectáculo em França.

“Quando me perguntaram se falava suficientemente bem francês para o fazer, fiz aquilo que, com grande admiração pelos emigrantes portugueses, porque tenho muitos na família, faz um português que necessita de sobreviver: disse ‘sim senhora, falo perfeitamente francês’, quando falava terrivelmente”, recordou.

Nos nove meses que faltavam até ao espectáculo, inscreveu-se na Alliance Française, em Lisboa, e hoje, “graças ao trabalho em países francófonos”, o actor, dramaturgo e encenador fala o idioma de forma fluente.

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