
O primeiro-ministro português, António Costa, anunciou hoje que o Governo decidiu decretar um dia de luto nacional pela morte da pintora Paula Rego, destacando-a como uma artista de qualidade excepcional e com grande reconhecimento internacional.
A pintora Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu na manhã de hoje em Londres, aos 87 anos.
“O Governo decidiu decretar um Dia de Luto Nacional em homenagem à pintora Paula Rego”, refere uma nota de pesar divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro.
No comunicado, António Costa salienta que Paula Rego “era uma artista de qualidade excecional, cuja obra alcançou um grande reconhecimento internacional”.
“As suas pinturas, desenhos e gravuras encerram imagens poderosas que ficarão sempre connosco e com as gerações por vir. Aos seus familiares e amigos, o primeiro-ministro apresenta as mais sentidas condolências”, refere-se no mesmo texto.
Na mesma nota de pesar, recorda-se que Paula Rego nasceu “durante a ditadura salazarista” e “fez a sua formação artística em Londres, onde residiu grande parte da vida, mantendo sempre intacta a ligação a Portugal”.
“A sua obra alimenta-se de referências e memórias portuguesas, como os contos populares ou a literatura de Eça de Queirós, e Paula Rego foi uma artista atenta à nossa realidade social. Autora de um universo figurativo singular, as suas obras não se parecem com mais nada do que com Paula Rego”, acrescenta-se.
Marcelo defende que se deve garantir que parte da sua obra fica em Portugal
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que se deve garantir, através de organismos públicos e privados, que uma parte da obra da pintora Paula Rego fica em Portugal.
Esta posição consta uma nota de pesar hoje publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet já depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter lamentado a morte de Paula Rego em declarações aos jornalistas, em Braga.
“A maior homenagem seria podermos garantir, através de intervenções de organismos públicos e privados, que uma parte relevante do legado de Paula Rego ficará em Portugal, país onde não vivia há muito, mas que nunca abandonou”, afirma o chefe de Estado nesta mensagem escrita.
Marcelo Rebelo de Sousa relata que quando visitou a “ambiciosa e impressionante retrospectiva de Paula Rego na Tate, em Londres”, em julho do ano passado, “ficou decidido que acompanharia as versões dessa exposição em diversas cidades europeias”.
“E assim aconteceu, primeiro na Haia, depois em Málaga, num percurso que desejavelmente poderia terminar em Portugal. Num diálogo que tinha já tido um ponto alto quando a visitei no seu atelier, em Londres, em 2016”, refere.
Segundo o Presidente da República, em todas as cidades a exposição suscitava “a mesma reacção, vinda de curadores, críticos, jornalistas, visitantes: a de que se trata de um dos universos mais fortes e singulares da arte contemporânea”.
O chefe de Estado descreve a pintura de Paula Rego como “uma figuração convulsa, ao estilo britânico”, à qual se juntava “um outro olhar, um outro imaginário, sombrio e opressivo, ou mítico e indomável, uma visão pessoal, naturalmente, mas uma visão portuguesa”.
“E todas as aproximações à arte e à literatura universais não ficavam completas sem entendermos aquilo que era especificamente português nos quadros ou nos desenhos, fossem histórias infantis, memórias de juventude, arquétipos, traumas ou nostalgias”, considera.
“Por isso, e porque Paula Rego foi, a par de Vieira da Silva, a nossa artista mais reconhecida internacionalmente, acompanhei-a pela Europa, mesmo que a própria já não pudesse viajar, e testemunhei o poder encantatório e perturbador da sua obra”, acrescenta.
O Presidente da República apresenta à família de Paula Rego os seus “sentimentos de pesar e de gratidão”, dirigindo-se em especial a Nick Willing, seu filho.
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